sábado, 2 de janeiro de 2010

Revelação


Invadida pelas mais profundas emoções, bebi o amargo e deliciei-me na sua leveza, envolvida num todo perfeição, com som clássico a tocar em harpas e uma voz doce escutando-me aquelas palavras duras e retraídas sem um nada acrescento. Os meus olhos transpirados e cansados, envoltos numa nuvem negra persistente desde a formação de mim, esvoaçaram com tamanha suavidade diante daqueles olhos ternos que me perscrutavam. Descobri as raízes do mal, das teimosas verdades e afirmações que bailavam sobre a minha cabeça e intestinos. Libertei-me delas em palavras choradas e sem encarar o mel que me tem feito crescer, permaneci imóvel. Desejei-te para pôr fim ao pesadelo e, com brilho nos olhos, te possui na minha boca farta de te falar. Rompi a camisa e deixei a nu o meu peito curvado que, embora ensanguentado, o quiseste tocar e acariciar, sem pudores. Voltei-me para o teu semblante e nele vi a paz tão desejada, o carinho tão apetecido e o bem-querer tão verdadeiro. Envolvi-me nos teus braços e desejei o quebrar do tempo, a imobilização total dos corpos. Desejei fundir-me em ti e respirar aquele ar que outrora te tornou assim, único, e beber do teu vinho e descobrir as maravilhas do viver desconhecido. Contudo, para não te perder e ferir com o ardor do meu coração, te quis distante… Receei não suportar tamanha antagonia, mas com sabedoria e serenidade me acenaste respeitosamente num credo singular. Oxalá o amanhã te traga de volta, comigo renascida.

02/01/2010

2 comentários:

Anônimo disse...

OLÁ bonita e linda CLARA aqui estou a te mandar um beijão

Clara Balsemão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.