terça-feira, 8 de maio de 2012

Mãe Mela


Recordo-me de ti nos dias frios de Inverno, nas terras altas da Beira, avançando no carro, aflita, para me levares a tempo para a escola. Lembro-me de estar doente e ter-te sempre por perto, preocupada a acolher-me e levar-me ao médico, sempre atenta. Lembro-me de fazer excursões na escola e de chorar ao despedir-me de ti e de regressar cheia de saudades, apesar de apenas me ter afastado algumas horas. Lembro-me da preocupação em que nada me faltasse, alimentação, roupa, material escolar. Lembro-me dos teus abraços quando chorei e dos desabafos que trocavas, confiante em mim. Lembro-me de estares comigo nas principais mudanças da minha vida até me tornar adulta. Lembro-me de ti quando estudavas, durante horas da noite, até bem saber todas as matérias, com uma calma e paciência infinitas. Lembro-me de quereres sempre saber de mim junto dos professores, atenta a que fosse evoluindo no meu processo escolar, confiante que eu seria capaz de progredir. Lembro-me de te aventurares comigo nas exposições de pintura, de me ajudares na sua realização e de antes, na papelaria, me enalteceres diante de todos como a filha talentosa e pintora. Lembro-me de me acompanhares à natação, de me esperares nas aulas de condução, apesar do frio e do cansaço. Lembro-me de estares comigo de cada vez que me acidentei e de sofreres comigo sempre que a dor me perturbava. (…)
Deste-me muito, minha mãe, e é bom saberes que jamais esquecerei! Muitos pais há que nunca fizerem nem metade do que tu fizeste por mim e sei valorizar. Agradeço-te tudo o que hoje sou, porque deve-se a ti, ao teu esforço, à tua luta e Amor. E todas as vitórias que hoje alcanço são para te felicitar, porque sei que ao ser um produto teu, também desejas todo o meu bem, o meu conforto, a minha felicidade.
Claro que nem sempre somos perfeitos e erros cometemos sem nos apercebermos do impacto negativo que causam aos outros. Já sofreste muito, por motivos outros que não eu, outros que eu própria os provoquei, revoltas que me invadiram em certos momentos negativos mas, quem ama perdoa e ambas nos perdoamos e nos amamos apesar de todos os males, de todos os momentos menos felizes, em que não soubemos agir adequadamente em função do sentimento que nutrimos uma pela outra.
E, quando coloco numa balança tudo o que vivemos, tudo que me deste, de um lado, e os momentos menos bons, do outro lado, sinto que pende sempre mais o lado positivo das coisas. Queria que soubesses que uma mãe não precisa nem deve ser perfeita e que, quando te demonstras frágil, eu aprendo com isso, ao ver-te a ti, ao rever-me em ti. Desejo, grandemente, que os anos te sejam meigos e te concedam boas graças, males menores e que vivas ainda muitos momentos felizes. Se a vida me aprouver, farei por te conceder, também, alegrias, como forma de gratidão.
Mais que tudo, desejo-te por perto muitos anos, porque és única, porque o teu carinho e atenção são necessários, porque nada há quem iguale quem és e o que representas para mim.
FELIZ DIA DA MÃE, MÃE QUERIDA! Adoro-te.
Tua filha Clara