domingo, 30 de dezembro de 2007

Asas









Asas que perdi
Na surda monotonia
Coração em agonia
Na sombra m'escondi.

Bailadas eruditas
Arruinadas no cume
Beija terra em queixume
Daquelas paisagens bonitas

Sonhos altos sacudi
Da realidade em desarmonia
Laços quebrados em calúnia
Caminhos planos estendi.

Liberdades estreitas
Passado em chama lume
Dos felizes bebo ciúme
Ciclo de vivências imperfeitas.

30/12/2007

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Envelhecer










Primaveras de uma vida
Com dureza, anos passados,
Corações de mágoas cicatrizados,
Palavra sapiente sentida.

Voz de dor de saudade
Daqueles, marcas profundas traçaram,
Olhares sob mundo lançaram,
Profundo saber toda irmandade.

Tão doces rostos convida,
Ao deleite dos lendários cinzelados,
À ternura dos grisalhos enlevados
Sob um rosto, coluna descida.

Lágrimas d’outrora jovialidade,
Amores perdidos que coraram,
Amizades no Eterno coroaram,
Tão lindo envelhecer, Vaidade!

26/12/2007

Irmã








Cedo em ideal se formou
Em mim, conselho a seguir,
Teus gestos, em guia, tornou
Quem hoje sou; de teu partir!

Vida de enredos te levou,
Para paisagens várias adquirir,
Chorando por ti, vida isolou,
Caminhando só, em alma te sentir.

Revoltos encontros, raros,
Indiferente, sem mim, prosseguias
Feliz, com teus cigarros;
Opostos, igual calor retribuias.

Porém, te quero em momentos caros,
Saudade crescendo nutrias,
Culpa te sofrer com erros
Meus, Amor puro perdoarias!

25/12/2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

"O meu abrigo"










Olha para mim,
Deixa voar os sonhos,
Deixa acalmar a tormenta,
Senta-te um pouco aí.

Olha para mim,
Fica no meu abrigo,
Dorme no meu abraço,
E conta comigo,
Que eu estarei aqui.

Enquanto anoitece,
Enquanto escurece,
E os brilhos do mundo
Cintilam em nós,

Enquanto tu sentes
Que se quebrou tudo,
Eu estarei
Sempre que te sentires só.

Olha para mim,
Hoje não há batalhas,
Hoje não há tristeza,
Deixa sair o sol.

Olha para mim,
Fica no meu abrigo,
Perde-te nos teus sonhos,
E conta comigo.

Mafalda Veiga

Amizade










Peito regalado em braços ternos,
O choro se desfaz em confortos
Carinhos, de bem-querer sinceros,
Protecção de aprazias, soltos.

Melhor do mundo aquele que tem
Amizade pura, em noites ilumina,
De um nada ouro, prata valem,
À luz, teus passos, caminho domina.

Acolhe-me sempre, pelo horizonte
Dos tempos, e vive junto a mim.
Não me magoes, nunca me desapontes,
Me embala em ti, benjamim.

Jamais de mim te apartarás,
Contigo, serei melhor e maior,
Em teu cântico celestial encantarás,
E te beijarei até ao fim prior.

16/12/2007

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

For you...










De olhar cego à realidade,
Reconheci-te em novos ares,
Rosto coberto em humildade,
Em mim, encanto enfeitiçares.

De um longínquo desejar,
Em ti me inspiraste,
Querendo descobrir esse olhar,
Tão bela alma desvendaste.

Ser humano, tamanha raridade
De pureza, me amares,
Entre nós una saudade,
De um abraço em ternos sonhares.

O tempo em nós alegrar,
Espera em crente idealizaste,
Conseguiste em mim animar
Meu coração, de dor, iluminaste!

9/12/2007

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Sonhos








Olhos cerrados ao mundo rotineiro,
Paz na alma habita o salão,
Em passos de dama rubro chão,
Caminhar sob o sonho soalheiro.

Escalar lenta e paciente até ao cume
Chegar, atingir o mais que desejado,
Peito em brasas alegre revigorado,
Abraçar a luz, o abstracto lume.

Poisar na grandeza da coroa,
Festejar dia-a-dia aquele abraço,
Desejado amor cravado em pé descalço,
Rebentos em vigor deliciam broa.

Olhos enfim vivazes para outro dia,
Realidade nova, abismal de distante,
Mas no pulso, até a morte desperte,
Aquele reconforto de sonhar em vigília.

29/11/2007

Pai








Dos revoltos afectos da meninice,
Em ti te avistei temeroso,
Julguei em ti desdenhoso,
Enquanto em mim vias crendice.

As lutas de orgulho findaram,
Na planície limiar da tua vida,
Todas as lágrimas mergulharam,
Em mim, terror da tua ida.

Em piores tormentos te condeno,
Nos solares em nuvens mergulhados,
Mas apenas anseio governo,
Em teus braços deliciados.

Pois que em meu jeito te amo,
Da maior fortaleza te enaltecerei,
Bem-haja eterno ressoarei,
Promessa ser teu ideal humano.

26/11/2007

Amar


Em redobrados sentidos palpita
O peito, em rubro involuntário,
De todo um corpo febril agita,
Ao encontro d’um olhar solitário.

Quebra razão em suspiros múltiplos,
De um querer sem fim tangível,
Em toda palavra brilha exemplos,
Toda hora riso fundo audível.

Que um ser, de longevidade vive,
Ao encontro de igual estrelar,
Fundidos em uno olhar revê,
Céu em chama em festim alegrar.

Embalados em nuvem doirada,
Em puros gestos encobertos sob a lua,
Bailando asa de voos aveludada,
Étero infinito da alma desnua.

29/11/2007