quinta-feira, 23 de abril de 2020

Felicidade


O que é a Felicidade? Ter uma casa com piscina e jacuzzi? Ter um carro topo de gama? Ter milhares na conta à ordem? Usar roupas caras e sempre de coleção? Comer caviar e fazer refeições num restaurante de luxo?
Esquecemo-nos do que é isso – Felicidade! Haverão pessoas que com muito pouco se sentem felizes e pessoas que com muito ou até mesmo tudo, se sentem profundamente infelizes. O que importa mais afinal - bens materiais ou sentimento de paz interior?
Quem hoje em dia, com a vida frenética que leva entre casa, trabalho e família, se reconforta com uma cama feita de lavado? Com um beijo da pessoa que ama logo pela manhã? Um duche cheiroso e demorado? Com o silêncio? Com a observação da Natureza, tão bela, aves esvoaçando e o vento a soprar, som do mar, as ondas batendo uma e outra vez, o sol a adoçar a pele? Quem pára para ouvir as batidas do seu coração? Quem pára para observar demoradamente a pureza de uma criança, o seu sorriso, os seus gestos, a sua pura alegria? Quem pára para ouvir uma música e se deixar guiar nas suas ondulações e flutuações? Quem pára para pensar?
Receio que nos tenhamos esquecido de VIVER! De tudo o que tenho aprendido na vida até agora, tanto pessoalmente como profissionalmente, é que o sofrimento é o reflexo desta ausência de sentir! Não paramos para nos conhecermos, para nos questionarmos; somos robots mecânicos, cada vez mais. Esquecemo-nos do lado infantil de ver em tudo uma novidade e um encanto! Tudo é enfadonho, a rotina, a pressa dos dias, a futilidade, as comparações entre o que eu tenho e o outro tem, as invejas, a falta de fé, a descença em nós mesmos enquanto potencializadores de mudanças, enquanto seres capazes de controlar as suas vidas ao invés de sermos todos arrastados para aquilo que os outros nos levam a crer como certo!
Perdemos a unicidade!!! Faz parecer que nos estamos a tornar todos iguais: o mesmo corte de cabelo, os mesmos gostos pela internet e redes sociais, a mesma roupa, os mesmos hábitos de álcool, tabaco e drogas como disfarce e forma de aceitação nos grupos, a mesma música ouvida, as mesmas comidas saudáveis ingeridas, o mesmo desporto praticado, as mesmas rotinas e a mesma forma de estruturar e objetivar a vida no futuro. Não sabemos ser simplesmente nós mesmos. É dificil olharmo-nos e avaliarmo-nos, refletir em silêncio, libertarmo-nos dos ruídos constantes que soam lá fora, das vozes que ditam o nosso caminho.
Afinal o que desejamos? Quais as nossas necessidades? O que ansiamos? O que nos reconforta? Seguimos os outros pois a maioria deve saber mais do que eu sobre o que é certo ou errado. “Eu não sei que caminho seguir!” Doem os anos em que ocultamos e censuramos o que sentimos, aquilo que calamos e deviamos expressar. Custa fazer diferente quando muitas vezes nem paramos para pensar, pois já somos autómatos de uma vida que não é a que desejámos.
Urge parar e escutarmo-nos!
Clara Conde, 02-06-2017

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Doce Artur


Doce Artur

Meu amor mais lindo! Trazes contigo o nome de um passado, de uma memória boa, de momentos em família. Trazes a crença de que os irmãos poderão ser amigos e unidos, esperança na renovação e no amor familiar. Sem pesos, pois que és pequenino, não se impõe tanto a uma criança, mas é uma fé no Amor, és o fruto de uma vontade de crescimento e melhoria!
És a benção desejada, a alegria que veio preencher ainda mais a casa, os espaços, cada canto cantado pelo teu sorriso tão contagioso e cativante. É fácil gostar de ti e amar-te na tua beleza tão única e verdadeira, na naturalidade com que te dás a todos os bem intencionados, nas emoções tão autênticas que transparecem o teu caráter, forte e vincado, decidido, desde logo bem cedo notório.
És o filhote de miminhos ternos, carinhos tão doces, gestos de amor tão verdadeiros! O teu peito contra o meu num colo amado é das maiores delícias que levo desta vida! Sentir-te a respirar contra mim, num toque de pele que faz parecer que somos só um, novamente, unidos no sangue e na alma! És a delícia dos momentos em que te vi crescer e desabrochar, nas mudanças mil no rosto e corpo e formas de falar, de brincar e de estar com os outros; naquela conquista tão esforçada em gatinhar e andar, no encanto de cada passo, na descoberta do mundo que queres a todo o custo assimilar, sentir, experimentar, provar! Tudo em ti é sensações e experiências, novidades e, por vezes, perigos! Um menino cujos olhos dos dois pais não chegam para proteger! A energia e o rodopio incrível, no correr espetacular e decidido, no imitar a mana Alice no mais complexo e o frustrar por não conseguir. Sinto a tua ânsia de crescer, de aprender, de fazer mais; quase um apelo aflito para ir além do pedido para a idade! Mas porquê esperar? O Mundo é tão belo!  - dirias tua se pudesses, na fala aguda de sons inventados e tons trocados, na procura do entendimento do outro, esperando aquele diálogo que para nós, adultos incapazes, se torna difícil e vergonhoso.
Lutas cada dia por ter mais, saber mais e aborrecem-te os brinquedos, pois as gavetas, portas, computadores, telemóveis, comandos de televisão, fichas elétricas, panelas, colheres de pau e afins são bem mais interessantes e, esses sim, em especial os proibidos, são os mais adoráveis! Cresces bem e a um ritmo próprio, sem pressa, sem lentidão. É muito saboroso ver-te nessa procura incessante pelo saber fazer e conhecer. Sugas o mundo por uma palhinha e devoras o ar com uma colher de sopa! Tu fazes sozinho, contestas de cada vez que te queremos ajudar! Disparate os papás julgarem os filhos menos capazes com apenas um ano de idade!
Sou muito grata por te ter na minha vida! Mudaste-a também pelo cansaço, frenesim
, corridas e lamentos, fúrias e zangas, mas o melhor prevalece neste Amor infinito que te tenho, no orgulho pelo menino grande que te estás a tornar e que tenho a honra de contribuir para crescer e ser cada vez mais e melhor! És lindo, muito mais do que eu alguma vez pude imaginar! Rebento de Amor sem Fim, tua mãe orgulhosa que te Ama Muito: Clara Conde.
22-04-2020