segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Desesperanças








Amigos bengaleiros
Que por mim passais,
Pautados pelos destinos,
Rumos distintos traçais.

Amores de prazer nutridos,
Que por segundos fujais,
De um nada aprendidos,
Por entre mágoas lembrais.

Fadista de cantos gélidos,
Num suor de lágrimas desgastais;
Serão infortúnios degradados?
Ou maldição d’algum demais?

Ciclos de evasão escondidos,
Em anos vividos me cercais,
Do sonhar vícios abafados,
Meios únicos me embalais!

19/11/2007

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Quadros da minha autoria para venda

Quadro em Vitral (30 euros)
Quadro em Aplicação de tecidos e areias (1o euros)

Quadro em Café (10 euros)

Em caso de interesse na compra de algum destes quadros, entrem em contacto comigo para o e-mail: claraconde@gmail.com. Aí poderei dar mais informações sobre os quadros, nomeadamente a técnica empregue, as dimensões, e mais fotografias com pormenores do mesmo. O pagamento será efectuado através de pagamento no acto de entrega ao domícilio, com as devidas despesas de envio.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Beleza Outonal


A rosa secou, um vento frio sopra e rebola pelos rostos morenos, da praia ou campo, gelando o corpo ainda habituado ao sol e às roupas leves do Estio. Chegara o Outono, mas com ele trará beleza alguma? A transição, sempre tão inconstante, o refúgio em casa em dias mais chuvosos e frescos, as roupas mais quentes, guardadas do ano transacto… Bom estar junto à lareira, servir-se de um chá bem quentinho e escutar, enternecida a chuva batendo nas janelas, enquanto os pensamentos voam, soltos, para tão longe, para além do tempo, para as boas aventuranças de ontem e as idealizações de amanhã. Que acalmia melhor poderá haver no mundo que substitua tal conforto?
Cedo acordar, pessoas do campo, de rostos escurecidos pelo sol de dias inteiros, vestes rasgadas e manchadas pelos anos, alegres se preparam para as vindimas. Ainda nasce o astro maior, lá elas, fortalecidas e corajosas, de valados em valados, de videiras em videiras, de cachos de uva e cestos pesados sob as costas, sorriem pelo agradecimento de mais um dia de trabalho, em paz, com a vontade inacabada de sempre. Trabalho árduo, ao fim de um dia mais se nota… “Como me doem as costas! Faz-me aqui umas massagens, meu tão bom marido e companheiro, que estou tão dorida!” Dia após dia, a dor deixa de insistir e acaba desistindo. Tudo é passageiro – dor física e mental, aquela que vem do coração e mais corta. Dói muito, mas o tempo é sagrado e milagroso – cura tudo! Vindimados os campos, admira-te ao espectáculo colorido dos socalcos vistos de longe! Amarelos, castanhos e vermelhos, tão vivazes! Já te apercebeste e olhas-te verdadeiramente às oferendas que a Natureza justa dá depois de tanto esforço e cansaço? Lindo, simplesmente fabuloso! Repara… aproveita, feliz e bem-aventurado transmontano, és nobre por possuíres tão lindos cenários coloridos que te enaltecem cada dia, que vivem mais perto de ti, te acompanham sempre, são teus amigos e querem que essa dor que sentes, aí dentro de ti, se apague e se esvaia com o vento. Porque ignoras tudo o que a Natureza, gentilmente, te oferece? Haverá melhor cura para os teus males do que desfrutar tamanha magia? Não! Estás, contudo, sempre convidado, dia após dia, a assistir ao espectáculo, a te deixar voar pelo seu encanto, deixares-te perder pela beleza e te desfazeres de pensamentos, da rotina desnutrida do quotidiano. Respira fundo! Teus ao teu bel-prazer o melhor ar de Portugal, o menos poluído e contaminado pela azáfama que, aqui, felizmente não predomina. Mas que sorte tens! Já pensaste nisso? Apelo e grito que vivas verdadeiramente; te felicites com o ar fresco pela manhã que te dá os bons dias, atentes à beleza do ambiente que se embeleza para te encher o olhar, saibas perceber a linguagem da nossa mãe Natureza, que constantemente te envia sinais, te aconselha a parar, a respirar, a ser mais modesto e feliz pelo viver, fulgurantemente, cada dia como se do último se tratasse. Sorri a este Outono que é teu e de cada um, especialmente e de modo muito singular para todos. Sê Feliz!

Redescoberta








Desejarás ser bela cintilante,
Princesa amada e inquietante.
Possuir riqueza de fontes mil,
Ter a santa pureza infantil.
Difundir nobreza nos sublimes gestos,
Herói defensor dos humanos modestos.
Sorrir à desventura de dias sofridos,
Ser rocha aos malsins perdidos.
Vida em glória em toda-parte afamada,
Suscitar espanto, em suspiros, na calçada.

Repararás que em ti mora grandioso dom,
Beleza maior, fortuna imensa, audível tom,
Uma pureza de coração, espírito bondoso,
Humano rico, de inglórias virtuoso!

1 Novembro 2007