quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Improdutividade



Que génios estamos a criar? Que liberdade de mentes estão a ser construídas? Haverá liberdade numa primeira instância? Ou formatações, cérebros mecânicos? O que nos distingue dos antepassados sábios e geniais? Porque sentimos que estamos numa fase de pobreza intelectual? Um período anónimo no tempo que jamais será recordado? Apesar de tudo, sente-se a grandeza daqueles que por ti passam na rua? Pergunta-lhes algo maior do que o padrão e verás a resposta. Entristece-te ver estas roupagens vazias? E ao entristeceres-te, fazes por seres diferente? Ou segues igual caminho, aquele caminho que a sociedade criou, que te compactou, que te aprisionou? Onde está tu? De que servem os pais? Que serve a escola? Que serve mil anos de estudo intensivo quando dele devoras sem sequer mastigar? Como adquires como certo tudo que se apresenta aos olhos aprazível? Porque não assimilas? Perdeste a capacidade de reflectir? Perdeste a capacidade de criticar? Perdeste a capacidade de argumentar? Perdeste-te, no fundo? E porquê? Estudas na faculdade e vais a congressos. Sabes meia dúzia de palavras decoradas e estas vomitas aqui e acolá àquelas mentes ainda menos vazias que a tua que te acenam, afirmativamente, robotorizados, que tudo o que dizes é espantoso! Espantoso??? Quanto tempo despendes em cada dia para pensar acerca do mundo, da vida, de teorias, de hipóteses? Quanto te dispões a gastar? Ainda tens tempo livre, sequer? Então diz-me, pois que não sei, não percebo nem nunca vou entender: o que é viver, afinal? Correr ou marchar? Caminhar ou atamancar? És livre? Tens real certeza que a escravatura terminou? Quem te disse tal parvoíce? Quem te incutiu, quem te interiorizou tal disparate? Corres e foges do tempo. Em criança queres ser adolescente, em adolescente queres ser adulto, em adulto queres morrer… Queres dinheiro e luxúria, queres que te formatem a mente, queres ser prisioneiro. Consegues perceber a falta de lógica de tudo isso? Se a vida não é criar e produzir, de que vale? E surgem depressões, fobias, psicoses… Cheguei ao cerne da questão? Coloquei eu o dedo na ferida? Tu não és tu. Tu és apenas um mero produto factorial, igual a tantos outros. E sorris, aparvalhado e alucinado… ausente da realidade, ausente das reais questões. E sentes-te grande e inteligente. E chegas a idoso e deitas finalmente, num instante de sabedoria, mãos à cabeça e reflectes sobre a irracionalidade da vida que levaste, a falta de lógica. E choras então pois apenas te faltam uns meses ou dias de vida. Mas nessa altura já é tarde para o “criar”. Os sentidos falham, o corpo entorpece, tu cais na cama. Não te erguerás mais. A tua solidão é imensa; sentes que nada valeu a pena porque nada de proveitoso fizeste pelo mundo e iludiste-te em materialismos superficiais. Não quiseste crer em ti. Confiaste na falsa superioridade dos outros, engoliste o seu saber e não deixaste a tua marca.
Pais de crianças pequenas, têm em mãos a capacidade de estímulo aos seres que poderão salvar-nos ou, pior e mais provável, perder-nos e afundar-nos ainda mais. Mexam-se! Para reflexão…

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