terça-feira, 30 de setembro de 2008

Quanto vale uma vida?


Pensa um pouco… quanto vale uma vida? Como quantificavas? Valeria um diamante? 100 diamantes? Um anel de ouro? Um carro? Um prédio? O mar? Diz-me o quanto? Dá-me um valor? Explica-me, antes de mais, que valor tem a vida?
Judeus mortos, incinerados vivos, em câmaras de gás asfixiados… Diz-me, e os judeus, quanto valem? Ou, na altura da Grande Guerra na Alemanha, quanto valiam perante os alemães? Teriam, quiçá, menos do que o valor de um piolho, de uma pulga, de uma mosca… Os judeus eram bichos a eliminar… E assim se passou, um extermínio quase total de Pessoas, mas que professavam uma religião e tinham características físicas diferentes do que era considerado o “ideal humano”. Valeriam menos por isso?
E a comunidade cigana, quanto vale para ti? Mais que uma pulga? Serão já uma espécie de baratas? Em que te são diferentes? Porque os espezinhas? És superior? Se sim, diz-me então: em quê? O que torna “uma raça superior”? Os costumes são diferentes, as roupagens também, a vida incerta também… Mas tornam-se inferiores a ti por isso?
E os de raça negra! “Malditos sejam”, por muitos que se remetem a imaginá-los… feios, escuros, sujos, lábios grandes, grossos, nariz aberto, olhos pequenos… Todos iguais! São eles a desgraça do país? Se são de facto, quanto valem para ti esses? Uma pedra tosca da calçada? Um pedaço de terra seca e infértil? Quanto valem? Em que se distinguem de ti? És superior? Em quê? Tens a pele branca, mais macia, mais bela, mais cintilante, és mais perfumado, vestes-te melhor, vens de melhores famílias… É isso? Será essa a regra?
E os chineses? Quanto valem? Vendem produtos que se vem a descobrir que são cancerígenos? Valem algum espaço em Portugal? Também são todos iguais para ti? Confundem-te? E tu, és superior em quê? És um vendedor sério, nada do que comercializas está de modo algum danificado ou poderá vir a ser alvo de um possível e novo descobrimento acerca das suas características menos saudáveis ao organismo? Tens a razão? A melhor capacidade de falar? És melhor entendedor? Serás mais inteligente? Averigua…
E a comunidade brasileira… que fama têm… Que valem para ti? Valem pelo prazer que são rotulados apenas saberem fazer de bem? Valem a aposta no seu trabalho? Valem o espaço que preenchem quando deambulam pelas Tuas ruas? Em que és superior a eles? És tu, português, mais trabalhador, mais honesto, mais fiel? Pensa…
E os jeovás? Te repugnam quando apregoam seu Evangelho, que é o mesmo que o teu, mas interpretado de forma diferente? Foges deles, quando os avistas de longe? Porquê? Também te sentes superior? Ao lado deles, em que diferes? És católico, nunca leste a Bíblia, mas és crente naquilo que ouviste falar acerca do Catolicismo ou que teus pais te ensinaram. Haverá religião superior? Quantos Deuses existem? Um ou muitos? Porque guerreiam então aqueles que, fiéis aos ensinamentos, crêem num Deus que tem nomes diferentes? Ter nomes diferentes, significa que é mais que um? Ou será que quererá tudo chegar ao mesmo… a um e único Deus?! Reflecte…
Porque te olhas ao espelho e como de pura ilusão te sentes mais e melhor que todos? Tens beleza maior? Tens inteligência maior? Tens qualidades humanas maiores? O que vales tu, meu amigo? Já te quantificaste? Por quanto te venderiam? Meia dúzia de camelos? Ou não haveria riqueza no mundo que pagasse o teu valor… já que és infinitamente valioso?
Porque há dias em que te olhas ao espelho e, pelo contrário, detestas o reflexo que vês? Perdeste o teu valor nesse dia? Nesse instante? Nessa hora? O valor permanece ou desgasta-se com o tempo, como as rochas áridas de uma praia? Os erros que cometes retiram teu valor? E porque cometes erros? Por ódio ou por Amor? Não terão perdão teus erros? E aquilo que fazes de bem, não valorizas? O bem que fazes sobrepõe-se a todas as tuas faltas cometidas no passado? Se errar é humano, perdoar é divino… E o perdoar, não são os outros que o terão de fazer, és tu que deverás, internamente perdoar-te a ti mesmo… aí estás a ser divino! Pois igual a ti no mundo não existiu, não existe, nem irá existir. És único, feito de perfeição e ninguém, por mais que tente e se esforce, se assemelhará a ti. Compreende-te a ti mesmo, a tua singularidade, olha para dentro de ti, descobre teu valor e depois dá aos outros o teu melhor, deixando a tua marca no mundo, quando mais tarde, naturalmente, desapareceres. E nunca esqueças que o valor humano está repartido por todos aqueles que conheces, convives ou ignoras. Cada um, de forma mais ou menos inteligente tem de saber dosear esse valor, aplicá-lo ao que na vida mais importa, a todos aqueles que mais precisam… Talvez assim o mundo fosse melhor, partindo desta consciência.


30/09/2008

Um comentário:

Anônimo disse...

Infelizmente é um flagelo, e cada dia a voz ecoa cada vez mais alto. Não somos nada, qualquer coisa destoa-nos da realidade, e esses que já sofrem sem motivo, pior ainda.

Beijinho @