terça-feira, 17 de junho de 2008

Anseio de Ser Feliz


Afinal o que tanto procuramos na vida? Um bom emprego? Um bom carro? Casar com um marido/esposa carinhosos, inteligentes, trabalhadores, compreensivos, atenciosos? Ter uma bela casa, com vista para um jardim enorme, coberto das melhores e mais formosas e atractivas flores? Ter filhos educados, sempre correctos, os melhores alunos da turma, queridos por toda a comunidade? Ter muito dinheiro, para poder gastar em viagens, em luxúrias, em ouro, em roupa de marca, em perfumes dos mais famosos? Ter boa saúde, bons médicos especialistas, os melhores do país ao nosso alcance? Ter prestígio social, ser afamado, bem falado por todos; ser o herói da região?
Desafio colocar estas questões a todos quanto leiam este artigo para que reflictam se, realmente, a FELICIDADE se encontrava aqui, caso fosse possível responder afirmativamente a cada uma das perguntas.
Pois há quem goze no mundo de todas estas prestigiosas bênçãos, mas eu perguntar-lhes-ia, se me fosse possível fazê-lo, se são felizes, sabendo de antemão que as respostas seriam negativas, ou, por uma questão de viés social, dissessem enganosamente que sim.
Pois então, o que poderá faltar para que a felicidade seja possível a estas pessoas em particular, e a todos nós em geral? Vivemos uma vida tão carregada de ideias, de projectos, de anseios, de objectivos, de ambições, de stress, que nos esquecemos do que afinal, ambicionamos REALMENTE do mundo, da vida. Seriamos felizes com a ostentação e todos os bens materiais possíveis? Quem assim pensa, nunca esqueça que o homem é um animal que nunca se satisfaz, e que quanto mais tem, mais quer, e o limite é o infinito. A ambição corrói-nos por dentro, porque vivemos só para mostrarmos aos outros quem somos, o nosso estatuto, o nosso dinheiro, para que nos invejem. E será bom sinal invejarem-nos pelo que temos à vista de qualquer um, ou seria melhor que nos invejassem por aquilo que riqueza nenhuma no mundo compra: a riqueza interior. Pois que esquecemos que viver não é adquirir bens materiais, mas sim adquirir bens espirituais, ou seja, aprendermos com os ensinamentos e muitas vezes durezas da vida, as qualidades maiores de um ser humano: ser solidário, ser simpático, ser humano, ser imparcial, ser humilde, ser simples, ser honesto, ser sensato, ser capaz de perdoar, ser sincero, ser integro, ser afável com o rico e o pobre, ser fiel a si mesmo e aos seus princípios.
Religiões várias, que em guerras envolvidas, naquilo que loucamente chamam a tentativa de alcance da paz, todas elas são boas, todas elas nos trazem ensinamentos acerca do bom viver, todas são formas de socorro em momentos de aflição, todas querem que vivamos a tal chamada FELICIDADE, que de tão extensa sintacticamente, igualmente revela a dificuldade enorme em a alcançarmos.
Pensemos que somos todos filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança e que cumprimos no mundo os seus desígnios. Somos criaturas como ele porque a cada um deu um grau de perfeição e santidade e é através de nós que ele quer que saibamos o que é sentir a tristeza, a agonia, a amargura, a inveja, a cobiça, a gula, a luxúria, a alegria… E ao experimentarmos cada um destes sentimentos, estamos a oferecer-lhe a oportunidade de ele saber o que é de facto ser-se humano. E não é ao acaso que vivemos aqui, num mundo que se vai degradando com os anos, é para que aprendamos não só o que é isso de se ser feliz, como alcançar, através de vitórias e derrotas, sabedoria suficiente para ensinar às próximas gerações que a terra é para se amar e estimar, pois que é finita.
Podemos também pensar que Felicidade não é mais do que o alcance de um tal estado de espiritualidade que nos torna sábios. Se há quem pense que vivemos vidas várias, também poderá pensar que se o fazemos é com o propósito de em cada vida ou etapa da existência termos a oportunidade, uma vez mais, de nos tornarmos cada vez melhores, como pessoas, a nível de espiritualidade. E então aí, após vidas sucessivas em que experimentamos as mais variadas condições humanas, de pobreza, miséria, riqueza, alegria, tristeza, amargura, dor, sofrimento, poderemos alcancemos um dia o patamar máximo de “perfeição”. Daí, se repararmos, encontrarmos-nos com pessoas que cruzam nossas vidas e que nos apercebemos que são mais ou menos maduras em termos de riqueza espiritual, comprovada pelos seus comportamentos, pela sua maneira de estar, pela sua personalidade. Há aquelas que recorremos para nos aconselhar, que nos cedem paz que, no nosso inconsciente, gostamos de pensar que são anjos, já que nos adivinham pensamentos, sentimentos e nos cedem ajuda na hora e momento oportunos, como se adivinhassem o que vai em nós. Outras pessoas há que, imaturas, jovens, novatas neste palco de experimentação de vida múltipla, corrompem, não são capazes de perdoar, magoam sem sentir dó, são egoístas, procuram e fazem mal aos outros… Mas de facto, quem segue este rumo, nunca é feliz. Se te cruzares com uma pessoa que se vangloriza, se auto-elogia, se cobre de fantasias, demonstra uma estranha dureza face à vida e face aos problemas, que se esconde numa máscara de aparente felicidade, de boa sorte em todos os sectores da vida, sorri o sofrimento dos outros, ou pisa quem chora, essa pessoa é quem mais sofre e quem mais tem problemas de auto-valorização pessoal. Grande parte das vezes, os mais felizes são aqueles que encontramos na rua, vestidos com modéstia, com empregos precários, com uma família sem riqueza, mas que trazem no olhar um brilho fantástico, facilmente reconhecível pelos mais atentos, que esboçam um sorriso perante uma flor, um pássaro que por ele passa a chilrear, uma árvore que se debruça para o acobertar do sol, um carinho de uma criança, um rebuçado que dá, um aperto de mão que cumprimenta, um abraço apertado e amado cada dia à sua esposa… é esse quem sabe que ser-se feliz está no que a natureza oferenda, nos impulsos mais insconscientes que seguimos, num olhar, num momento, na ternura do silêncio, no escutar o ondear das ondas numa praia, no escutar o vento batendo na nossa janela de casa, cumprimentando-nos, no sol que espreita todas as manhãs, convidando a apreciá-lo. Ser feliz não é mais que AMAR a nós mesmos, amarmos os outros e amarmos a Natureza. Tão simples, tão doce, tão leve, tão gentil, tão passageiro, este sonhar ser feliz, quando em nossas mãos está o caminho…

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