segunda-feira, 29 de março de 2010

Proibido


Como foi possível ter deixado tudo isto acontecer? Tens entrada interdita e eu insisti e forcei, desdenhosa do teu querer. Mas de todas as vezes que conseguia de ti um simples olhar, esvanecia de alegria e ganhava uma força inexplicável. O fim é certo, é já um passado mensal duplo. Não insisto mais. Insiste ele que pulsa, que me enraivece, sempre que de ti surge um simples “olá”. Não me queres, aceito, reconheço, mensagem entendida, perfeitamente assimilada… então porque me falas então? Porque não me concedes o espaço para te esquecer? Tal como tu já o fizeste, num ápice, esvaneci do teu corpo e memória num abrir e fechar de olhos, também eu queria ter a coragem de o fazer. Porquê? Balouço em altos e baixos, êxtase e desespero. Este aperto dói realmente, estes olhos não negam e há quem verifique o meu brilho ou escuridão… os atentos. Sei que não serás mais meu, daí nem sequer tentar travar uma luta. A derrota é já sabida de antemão. Nem sequer te dás ao trabalho de ergueres o punhal sobre essa mão forte… nem esse esforço mereço. Tanto que gostava de saber se esse coração, aparentemente duro, também se sente corroer como eu perante tais palavras, lidas ou ditas. Dez dias gigantes como dez anos. Duas palavras, dois olhares e um furacão. Sentido só por mim, talvez… não, não creio! Não és falso! Mas se as tuas palavras dizem sempre o que sentes, já não vivo em ti. Poderei estar na tua memória, mas não é lá que gostaria de me aninhar… era aí, no centro esquerdo de ti. Como arrancaste tão facilmente o meu olhar e sorriso de lá? Efémera assim? Houve novo desequilíbrio e assim terei de voltar a aceitar. Não é igual ao passado vivido, não! Lembro-me de há pouco andar a flutuar e pensar: “que coisa estranha é esta?” Lembro-me de te ver e crer que não era a primeira vez. Lembro-me do sorriso e da entrega, minha e tua, ali, verdadeiro. Lembro-me das lágrimas que limpaste. Como esquecer os dez dias mágicos de alegria? Felicidade que estranhei e me fez recuar enquanto me perguntavas se eu estava bem. Lembro-me de tudo tão vivaz! Como se tudo tivesse acontecido ontem. Como se o negro não estivesse a intrometer-se entre nós naquele momento. O quanto me ensinaste!!! Gigante, és! Eu pequena… não me pises mais. Fazes-me tanta falta… uma saudade imensa. Era ver-te, apenas, mesmo que de longe, e tudo em mim alegrar. Nada mais quero… apenas ver-te apressado e desajeitado, sem reparares em mim, que assim seja, mais à minha frente e encher-me mais uma vez de grandes e inesquecíveis memórias. Estou presa, sim, mesmo que me tenhas abandonado ali, isolada. Esqueceste-te de me soltares antes de partires e ficaram as tuas mãos marcadas, nos braços onde forte te apoiaste para me levantares. Eu grito para que me soltes; sufoca!!! Vem só para isso e deixa que sorria perante ti uma última vez para te ver desaparecer para sempre. Tens beleza imensa, rei! E nunca antes cinderella miserável se curvou tanto perante alguém. Tu mereceste-o. Mas vem-me largar de ti enquanto resta o mínimo de mim e solta-me estes sonhos lindos que contigo fiz, num passado, fizemos. Saudades e dor… belo e perfeito cravado em mim, com ou sem amarras… eterno.

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