Olho ao meu redor, agora que mais
de um ano passou sem o tempo certo para deixar dançar as palavras escritas e
lavadas em pensamentos e afetos, internos e só meus, vejo delícias do brincar,
uma vida corrida, feliz na maioria das vezes, cansada sempre, em que há sempre
uma estrelinha que nos alumia e que veio completar os desassosegos de dois
seres, imperfeitos e em busca de encaixe, na vida, entre ambos, de modo a serem
mais plenos. Como a descrever?!? Só de pensá-lo, tamanho AMOR, meus olhos
humedecem, meu coração aperta, tudo a volta és tu! Um milagre que imaginei
impossível, que sofri por me retirarem o sonho, o que mais desejava em vida,
além de outros desejos superfluos, válidos mas com perca riqueza. O que haverá
de mais glorisoso do que isto? Como, desta paixão e loucura, desta cegueira que
só o Amor consegue, se consegue descrever, linguagem tão pobre para tanta
simbologia? A vida, quando a penso no passado que fui, do que vivi, do que
senti, do que angustiou e feriu, parece trivial e desinteressante. Não sou
melhor, agora, contigo, não, por mais que deseje ou me esforce… sou a mesma,
com o mesmo cerne, mesmo núcleo, mesmos quereres, mesmas vontades… e sei,
complicadamente e culpibilizadoramente, que no fundo também continuo a precisar
de mim, apenas, só, na solidão que sempre precisei, não por gostar nem me
rejubilar, mas por ser a criadora de Artes que aprecio, que quero que
permaneçam a minha marca, além das profissões, dos objetivos certos e visíveis.
Quero-me plenamente; mas, estás aqui, tão bela, morria sem pestanejar, lutava
sem fraquejar, gritava sem parar, só para te ter sempre e te beijar o rosto
pequeno, perfeito, angelical… aquele que resgata sorrisos intencionais, de tão
mágica que és aos meus olhos. Queria beijar-te sempre e que conseguisses
perceber o meu Amor, agora essencial, mais tarde útil e sempre presente, para
te fazer superar tormentas e trovões, necessários mas fétidos, que custam, que
moem e que sangram em nós, bem no fundo da nossa essência. Que não sentisses
temores, a solidão do vazio de estar abandonado e desprezado num mundo gigante,
onde te poderás sentir engolida, por vezes, não pelos melhores, mas pelos
poderosos e cobardes, nulos de sentires mais enraizados, lesados de Amor. Esses
existem, temo que mais do que os reconfortados e afortunados por dois abraços
apertados, o ideal certo, a explosão de emoções que se manifesta em cada gesto,
breve, desde que despidos de nós, nos entregamos a ti, anjo celeste. Grata por
tudo, porém impaciente. O Amor quer-se sempre maior e mais crescido! Quero
largas gargalhas pela manhã, gritos e rabujos. Solta-se um sorriso em mim
quando o penso – família grande! Difícil quando se pondera, na teimosia do ser
humano, em fazer valer a suas reflexões, além das suas sensações. Sinto que o
quero, que um desejo triunfal me chama, me afeiçoa a mente, cobrindo-a de
garra, vontades e superações além Mim. Mas, de repente, estende-se um
pensamento, não só meu, também vincado por demais de que não serás capaz!
Tristeza, tamanha! Dói-me pensar nesse aceitar como real e viver em função
disso. Minha doce primogénita, és e serás o núcleo de tudo, a razão essencial do
que cerca e a felicidade jamais esquecida que julgavamos impuros de a obter;
mas a madre, como admiti, ambiciona mundos elevados – há uma coração inquieto e
desassosegados, em que sente que a vida é precária e que o que se destina deve
ser vivido Já! Não quero demoras, nem esperas; o que será que virá amanhã?!?
Estaremos cá, unos? Aprendi que tudo se dissipa, tudo se perde, tudo ganha
alterações sem que o quisessemos. Não confio num sempre eterno; há sim um
eterno agora e é esse que quero completar já que em mim há desgovernada
incompletude. Quisesse mais após o alcançar? Sem dúvida, mas parar é desistir e
acabar! Deixa-me amar meu botão de milagre! Deixa-me completar-te, quando essa
necessidade não é tua, afinal. Egoismo ou teimosia? Sonhar demais cansa; estou
cansada mas ávida de mais. Não me quedem os membros! Amo amar, simplesmente!
Para ti, com todo o meu
ser e alma.
16-02-2017