Haverá esse último e derradeiro dia em que as portas se fecharão e ficaremos todos na escuridão. Por debaixo das cirurgias plásticas, da maquilhagem e das roupagens doiradas, haverá um coração que, por maior a evolução da medicina, irá parar de bombardear os tecidos. Desoxigenados, morrerão. Tudo terminará. E se antes um dia fossemos avisados desse derradeiro dia? Que faríamos?
Há várias opções: fecharmo-nos num quarto e esperar, fitos a um relógio, aquelas penosas 24 horas passarem; estarmos com amigos e família e beber uns copos, comer bastante; fazer de conta de como se não soubéssemos dessa informação e, como sempre, acordariamos cedo, correriamos até ao trabalho, lidariamos com o stress vindouro e terminariamos o dia com o cansaço habitual ou… simplesmente fazeriamos aquilo que sempre desejámos fazer e que por cobardia nunca decidimos pôr em prática? Serão umas meras 24horas suficientes para superar todos os erros de uma vida? Seriam essas horas suficientes para compensá-los? Saberiam ter a sensatez necessária para amar quem amaram em silêncio, pedir perdão a quem já perdoaram à longo tempo; abandonar o trabalho aborrecido e fazer realmente aquilo que sempre desejaram fazer e que por servidão à cultura nunca fizeram? Teriam essa coragem? Usariam o seu melhor perfume? Usariam aquele serviço de copos de cristal à tanto escondido e nunca usado? Tomariam aquele duche de pétalas de rosa e lá se demorariam indefinidamente, gozando as essências? Iriam visitar os vossos avós na aldeia abandonada depois de 20 anos de ausência? Iriam procurar as vossas amizades de infância perdidas? Procurariam saber do vosso primeiro namorado(a)? Diriam aos vossos filhos o testemunho da vossa vida, sem máscaras? Dormiriam, nessa noite, junto aos mendigos e os deixariam, pela primeira vez, falar? Veriam o pôr-do-sol? Observariam a beleza das cantigas das aves nos céus? Notariam o encanto da lua? Leriam aquele melhor livro, preso na prateleira, ganhando pó? Observariam as plantas que, afinal, têm vida? Sorririam àquela vizinha idosa incomodativa e, acima de tudo, carente? Diriam “amo-te” ao namorado/marido/namorada/esposa? Rolariam na relva? Abraçariam as árvores? Dançariam ou cantariam? Gritariam? Fariam parapente? Fariam escalada e canoagem? Se lavariam na lama, sem enojo? Chapinhariam nas poças de água após a chuva, no vosso bairro, diante do olhar de todos? Dariam todo o vosso dinheiro, guardado debaixo do colchão toda a vida, a uma qualquer instituição de solidariedade?
Do que esperamos nós, afinal? Pelo último dia para finalmente reflectirmos sobre o porquê da existência? Para tomarmos nota dos dias que passaram por nós, anónimos e sem sentido? Vamos aguardar pelo último dia, incógnito, ou agiremos já como se todos os que daqui em diante se seguirão fossem esse último?
Isto para lembrar, já esquecido à muito, das pequenas grandes maravilhas da vida!
Para reflexão.
Há várias opções: fecharmo-nos num quarto e esperar, fitos a um relógio, aquelas penosas 24 horas passarem; estarmos com amigos e família e beber uns copos, comer bastante; fazer de conta de como se não soubéssemos dessa informação e, como sempre, acordariamos cedo, correriamos até ao trabalho, lidariamos com o stress vindouro e terminariamos o dia com o cansaço habitual ou… simplesmente fazeriamos aquilo que sempre desejámos fazer e que por cobardia nunca decidimos pôr em prática? Serão umas meras 24horas suficientes para superar todos os erros de uma vida? Seriam essas horas suficientes para compensá-los? Saberiam ter a sensatez necessária para amar quem amaram em silêncio, pedir perdão a quem já perdoaram à longo tempo; abandonar o trabalho aborrecido e fazer realmente aquilo que sempre desejaram fazer e que por servidão à cultura nunca fizeram? Teriam essa coragem? Usariam o seu melhor perfume? Usariam aquele serviço de copos de cristal à tanto escondido e nunca usado? Tomariam aquele duche de pétalas de rosa e lá se demorariam indefinidamente, gozando as essências? Iriam visitar os vossos avós na aldeia abandonada depois de 20 anos de ausência? Iriam procurar as vossas amizades de infância perdidas? Procurariam saber do vosso primeiro namorado(a)? Diriam aos vossos filhos o testemunho da vossa vida, sem máscaras? Dormiriam, nessa noite, junto aos mendigos e os deixariam, pela primeira vez, falar? Veriam o pôr-do-sol? Observariam a beleza das cantigas das aves nos céus? Notariam o encanto da lua? Leriam aquele melhor livro, preso na prateleira, ganhando pó? Observariam as plantas que, afinal, têm vida? Sorririam àquela vizinha idosa incomodativa e, acima de tudo, carente? Diriam “amo-te” ao namorado/marido/namorada/esposa? Rolariam na relva? Abraçariam as árvores? Dançariam ou cantariam? Gritariam? Fariam parapente? Fariam escalada e canoagem? Se lavariam na lama, sem enojo? Chapinhariam nas poças de água após a chuva, no vosso bairro, diante do olhar de todos? Dariam todo o vosso dinheiro, guardado debaixo do colchão toda a vida, a uma qualquer instituição de solidariedade?
Do que esperamos nós, afinal? Pelo último dia para finalmente reflectirmos sobre o porquê da existência? Para tomarmos nota dos dias que passaram por nós, anónimos e sem sentido? Vamos aguardar pelo último dia, incógnito, ou agiremos já como se todos os que daqui em diante se seguirão fossem esse último?
Isto para lembrar, já esquecido à muito, das pequenas grandes maravilhas da vida!
Para reflexão.