O que é a Felicidade? Ter uma
casa com piscina e jacuzzi? Ter um carro topo de gama? Ter milhares na conta à
ordem? Usar roupas caras e sempre de coleção? Comer caviar e fazer refeições
num restaurante de luxo?
Esquecemo-nos do que é isso –
Felicidade! Haverão pessoas que com muito pouco se sentem felizes e pessoas que
com muito ou até mesmo tudo, se sentem profundamente infelizes. O que importa
mais afinal - bens materiais ou sentimento de paz interior?
Quem hoje em dia, com a vida
frenética que leva entre casa, trabalho e família, se reconforta com uma cama
feita de lavado? Com um beijo da pessoa que ama logo pela manhã? Um duche
cheiroso e demorado? Com o silêncio? Com a observação da Natureza, tão bela,
aves esvoaçando e o vento a soprar, som do mar, as ondas batendo uma e outra
vez, o sol a adoçar a pele? Quem pára para ouvir as batidas do seu coração?
Quem pára para observar demoradamente a pureza de uma criança, o seu sorriso,
os seus gestos, a sua pura alegria? Quem pára para ouvir uma música e se deixar
guiar nas suas ondulações e flutuações? Quem pára para pensar?
Receio que nos tenhamos esquecido
de VIVER! De tudo o que tenho aprendido na vida até agora, tanto pessoalmente
como profissionalmente, é que o sofrimento é o reflexo desta ausência de
sentir! Não paramos para nos conhecermos, para nos questionarmos; somos robots
mecânicos, cada vez mais. Esquecemo-nos do lado infantil de ver em tudo uma
novidade e um encanto! Tudo é enfadonho, a rotina, a pressa dos dias, a
futilidade, as comparações entre o que eu tenho e o outro tem, as invejas, a
falta de fé, a descença em nós mesmos enquanto potencializadores de mudanças,
enquanto seres capazes de controlar as suas vidas ao invés de sermos todos
arrastados para aquilo que os outros nos levam a crer como certo!
Perdemos a unicidade!!! Faz
parecer que nos estamos a tornar todos iguais: o mesmo corte de cabelo, os
mesmos gostos pela internet e redes sociais, a mesma roupa, os mesmos hábitos
de álcool, tabaco e drogas como disfarce e forma de aceitação nos grupos, a
mesma música ouvida, as mesmas comidas saudáveis ingeridas, o mesmo desporto
praticado, as mesmas rotinas e a mesma forma de estruturar e objetivar a vida
no futuro. Não sabemos ser simplesmente nós mesmos. É dificil olharmo-nos e
avaliarmo-nos, refletir em silêncio, libertarmo-nos dos ruídos constantes que
soam lá fora, das vozes que ditam o nosso caminho.
Afinal o que desejamos? Quais as
nossas necessidades? O que ansiamos? O que nos reconforta? Seguimos os outros
pois a maioria deve saber mais do que eu sobre o que é certo ou errado. “Eu não
sei que caminho seguir!” Doem os anos em que ocultamos e censuramos o que
sentimos, aquilo que calamos e deviamos expressar. Custa fazer diferente quando
muitas vezes nem paramos para pensar, pois já somos autómatos de uma vida que
não é a que desejámos.
Urge parar e escutarmo-nos!
Clara Conde, 02-06-2017